quinta-feira, 7 de setembro de 2017

A memória dos homens (de alguns) é curta!


Li na imprensa que o Colégio da Boavista, de Vila Real, celebrou há poucos dias o seu 90º aniversário.

Pergunto eu: será que ocorreu aos organizadores um momento de homenagem a este homem aqui na foto (António Alves Miranda, falecido em 2013)?

Foi ele quem salvou o colégio da falência nos anos 70. Reergueu-o do zero, quando todos o abandonaram em vista da falta de lucros.

É bom não esquecer que nesses anos, quando muitos homens e mulheres emigravam para equilibrarem as suas vidas, os filhos ficavam, confiadamente, aos cuidados deste Colégio como internos. Porém o dinheiro era escasso. Não chegava para alimentar tantas bocas e pagar a professores. Esteve, pois, para fechar portas, não fora o sentido cristão, altruísta e generoso do seu dedicado tesoureiro, que, receando pelo futuro de tantos adolescentes, desamparados e sem as famílias perto, assumiu ele próprio as funções de professor, contínuo e administrador… sem ganhar um tostão! Visitou um a um todos os credores, assumiu com eles compromissos pessoais, pediu todos os auxílios possíveis à comunidade local, e só assim conseguiu reerguer das ruínas a instituição.

Hoje, de facto, o Colégio da Boavista é uma referência no ensino em Portugal. Mas reconhecê-lo é tão importante como saber honrar a memória dos Homens (com H grande) que construíram o caminho. Aqui deixo a lembrança, porque a memória de alguns é curta! Muito curta!

(ap)